sábado, 16 de junho de 2012

Apresentação


O I ENCONTRO SOBRE GRAMÁTICA: SABERES E FAZERES reunirá pesquisadores, professores e estudantes de todo o Brasil. Trata-se de uma iniciativa do Grupo GEMD – Grupo de Estudos em Modalidade Deôntica, criado em 2009 e composto por docentes e discentes da UFC, estudiosos de gramática de base funcionalista e de sua aplicabilidade. No entanto, este evento se propõe como uma oportunidade para se estabelecer diálogos, sem fronteiras, com outras formas de compreensão da gramática. 

Para a Conferência Magna de Abertura, o evento traz para Fortaleza a Professora Dra. Maria Helena de Moura Neves, da Universidade Presbiteriana Mackenzie e Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara, especialista renomada em estudos sobre gramática, com importantes pesquisas e publicações na área. Dra. Maria Helena de Moura Neves, nome de grande envergadura no cenário nacional, autora da “Gramática de uso do português” e “Texto e Gramática” (livros mais recentes), desenvolve estudos na área de Linguística, nas linhas de Descrição e ensino de língua, Análise de fatos linguísticos em uso na língua e Estrutura, organização e funcionamento discursivos e textuais. 

A Conferência Magna de Encerramento do evento será proferida pela Professora Doutora Maria Medianeira de Souza, da Universidade Federal de Pernambuco.

I ENCONTRO SOBRE GRAMÁTICA: SABERES E FAZERES - OBJETIVOS 
Socializar saberes e fazeres acerca do tema gramática. 

  • Divulgar e debater as pesquisas em gramática(s) desenvolvidas na UFC e em outras instituições de ensino superior;
  • Impulsionar novas pesquisas acerca da temática do evento ou temas afins;
  • Contribuir para a atualização e aperfeiçoamento de professores de línguas: Língua Portuguesa, LIBRAS e Línguas Estrangeiras (clássicas e modernas);
  • Promover o intercâmbio de teoria e prática entre pesquisadores de instituições nacionais e estrangeiras, assim como professores de línguas dos Ensinos Fundamental,  Médio e Superior e graduandos de Cursos de Letras acerca do tema gramática.

GRAMÁTICA: SABERES E FAZERES

Etimologicamente, o termo gramática, de origem grega (grammatiké/γραµµατική, de grammatikós/γραµµατικός), significa “a arte de escrever.” No Crátilo, com Platão, a gramática era definida como a téchne (arte), cuja função seria a de “regular a atribuição das letras na formação dos nomes” (NEVES, 1987; JUNQUEIRA, 2003). Na época helenística, uma grammatiké seria um “exame dos textos escritos” com a finalidade de resguardar as obras que representavam o espírito grego, constituindo-se em uma disciplina de cunho didático. Ela é definida por Dionísio da Trácia (II a.C.) - segundo Silva (2000), o verdadeiro organizador da arte da gramática na antiguidade - como empeiría (conhecimento empírico). 

Como podemos ver, já na sua gênese, o termo 'gramática' tinha natureza complexa e multifacetada, acomodando diversas acepções. Essas múltiplas faces da gramática deram origem às várias acepções do termo que conhecemos hoje em dia. Segundo Antunes (2007), quando as pessoas falam em gramática podem estar falando de coisas bem diferentes como, por exemplo:

(a) o conjunto de regras que definem o funcionamento de uma língua;

(b) o conjunto de normas que regulam o uso da norma culta;

(c) uma perspectiva de estudo dos fatos da linguagem (gramática estruturalista, gramática gerativa, gramática funcionalista, gramática tradicional, etc.);

(d) um compêndio descritivo-normativo sobre a língua, onde as regras de regulação e uso da língua estão explicitadas; e 

(e) uma disciplina de estudo. Independentemente da sua acepção, a gramática está presente em nossas vidas, permeando nossos pensamentos e mediando nossas relações com os outros. 

Portanto, merece atenção especial, embora, no que diz respeito ao ensino-aprendizagem de língua estrangeira, ocorra um aparente desprestígio, que a abordagem comunicativa, trouxe para o ensino da gramática. 

A nossa pretensão com esse evento é trazer para o debate acadêmico e público a questão da gramática em suas mais diversas acepções e concepções sem buscarmos, contudo, fórmulas milagrosas, explicações simplistas, simplificadoras e/ou pouco fundamentadas. Muito pelo contrário, queremos nos debruçar sobre essa temática com um olhar investigativo respaldado pelas pesquisas científicas, sem, no entanto, perder de vista sua aplicabilidade no contexto de ensino-aprendizagem de línguas. Embora, o Grupo de Estudo em Modalidade Deôntica - GEMD, proponente deste projeto, seja de orientação linguística funcionalista, se dispõe a estabelecer diálogos, sem fronteiras, com outras formas de compreensão da gramática. 

Por fim, embora não menos importante, o evento busca ainda estabelecer diálogo com professores de línguas (de um modo geral) de escolas públicas e particulares, como tentativa de fazer com que os estudos linguísticos cheguem às escolas modificando os fazeres.